"Companheir@s me ajudem, que eu não posso andar só,
eu sozinh@ ando bem,
mas com vocês ando melhor"
Para que a primavera que insiste em apontar dias frios e cinzas, não deixe de florescer a utopia de nossa caminhada. Caminhada que fazemos junt@s, com o brilho nos olhos dessa gente que vislumbra os mesmos sonhos. E que a canção que motiva os passos, seja ouvida de longe, e nunca, nunca deixemos de cantar.
PORQUE CANTAMOS.
Se cada hora vem com sua morte
Se o tempo é um covil de ladrões
Os ares já não são bons ares
E a vida é nada mais que um alvo móvel
Você perguntará por que cantamos.
Se nossos bravos ficam sem abraço
A pátria está morrendo de tristeza
E o coração do homem se fez cacos
Antes mesmo de explodir a vergonha
Você perguntará por que cantamos.
Se estamos longe como um horizonte
Se lá ficaram árvores e céu
Se cada noite é sempre alguma ausência
E cada despertar um desencontro
Você perguntará por que cantamos
Cantamos porque o rio está soando
E quando soa o rio / soa o rio
Cantamos porque o cruel não tem nome
Embora tenha nome seu destino
Cantamos pela infância e porque tudo
E porque algum futuro e porque tudo
E porque algum futuro e porque o povo
Cantamos porque os sobreviventes
E nossos mortos querem que cantemos
Cantamos porque o grito só não basta
E já não basta o pranto nem a raiva
Cantamos porque cremos nessa gente
E porque venceremos a derrota
Cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira à primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
Cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a cada canção se torne cinzas.
(Mario Benedetti)
Elaine e Adriana
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