sexta-feira, 13 de abril de 2012

Conhecendo a terra onde pisaremos...

VOZES SILENCIADAS.

Pesquisa analisa a cobertura da mídia sobre o MST durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito de 2010.

 João Brant

Os problemas na cobertura do MST não vêm da falta de conhecimento ou de acesso a informações pelos repórteres, mas sim de opções ideológicas feitas pelos meios de comunicação, tanto nas redações quanto nas direções
É perceptível que os movimentos sociais são cobertos de forma parcial pelos grandes meios de comunicação, mas raramente as organizações se debruçam para mostrar como isso acontece concretamente. Motivado por essa curiosidade, o Intervozes realizou uma pesquisa sobre a cobertura feita pela mídia impressa e televisão sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no período da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, realizada em 2010 para investigar o movimento.
Os resultados não são exatamente surpreendentes. Pesquisados três jornais, três revistas semanais e dois telejornais, foram encontradas 301 matérias que citam o MST, entre reportagens e textos opinativos. O MST é tema, mas raramente é fonte – em apenas 18,9% o próprio movimento é ouvido. Além disso, há uma clara abordagem pejorativa: dentro do conjunto analisado, foram encontrados termos negativos em 59,1% das matérias. São quase 200 diferentes expressões negativas utilizadas para se referir ao movimento.
As matérias quase não abordam o tema da reforma agrária, que aparece em apenas 14,6% delas. Mais grave: em apenas 13% das matérias são citados dados estatísticos e em 13,6% são citadas legislações. No caso dos telejornais, esse número é 0% para dados e para legislação. Para piorar, das seis matérias veiculadas no período no Jornal Nacional e no Jornal da Record, apenas uma apresenta posições divergentes.
Esse conjunto de informações demonstra uma abordagem fortemente editorializada e panfletária por parte dos órgãos de mídia. Embora as conclusões não sejam surpreendentes, elas dão suporte à percepção da maioria dos observadores atentos. Deve-se ressaltar que o MST é um movimento conhecido, com assessoria de imprensa disponível para contatos dos jornalistas e com várias informações organizadas em sua página. Isso reforça o entendimento de que os problemas na cobertura não vêm da falta de conhecimento ou de acesso a informações pelos repórteres, mas sim de opções ideológicas feitas pelos meios de comunicação, tanto nas redações quanto nas direções. O estudo se chama Vozes Silenciadas e está disponível para baixar no link abaixo:


2 comentários:

  1. Os Homens da Terra - de Vinicius de Moraes.

    Senhores Barões da terra

    Preparai vossa mortalha
    Porque desfrutais da terra
    E a terra é de quem trabalha
    Bem como os frutos que encerra
    Senhores Barões da terra
    Preparai vossa mortalha.
    Chegado é o tempo de guerra
    Não há santo que vos valha:
    Não há foice contra a espada
    Não o fogo contra a pedra
    Não o fuzil contra a enxada:
    - União contra a granada
    - Reforma contra metralha

    Senhores Donos da Terra
    Juntai vossa rica tralha
    Vosso cristal, vossa prata
    Luzindo em vossa toalha.
    Juntai vossos ricos trapos
    Senhores Donos de terra
    Que os nossos pobres farrapos
    Nossa juta e nossa palha
    Vêm vindo pelo caminho
    Para manchar vosso linho
    Com o barro de nossa guerra:
    E a nossa guerra não falha!

    Nossa guerra forja e funde
    O operário e o camponês;
    Foi ele quem fez o forno
    Onde assa o pão que comeis
    Com seu martelo e seu torno
    Sua lima e sua turquês,
    Foi ele quem fez o forno
    Onde assa o pão que comeis.

    Nosso pão de cada dia
    Feito em vossa padaria
    Com o trigo que não colheis;
    Nosso pão que forja e funde
    O camponês e o operário
    No forno onde coze o trigo
    Para o pão que nos vendeis
    Nas vendas do latifúndio
    Senhor latifundiário!

    Senhor Grileiro de terra
    É chegada a nossa vez
    A voz que ouvis e que berra
    É o brado do camponês
    Clamando do seu calvário
    Contra a vossa mesquinhez.
    O café que vos deu o ouro
    Com que encheis o vosso tesouro
    A cana vos deu a prata
    Que reluz em vosso armário
    O cacau vos deu o cobre
    Que atirais no chão do pobre
    O algodão que vos deu o chumbo
    Com que matais o operário:
    É chegada a nossa vez
    Senhor latifundiário!

    Em toda parte, nos campos
    Junta-se à nossa outra voz
    Escutai, Senhor dos campos
    Nós já não somos mais sós.
    Queremos bonança e paz
    Para cuidar da lavoura
    Ceifar o capim que dá
    Colher o milho que doura,
    Queremos que a terra possa
    Ser tão nossa quanto vossa
    Porque a terra não tem dono
    Senhores Donos da Terra.
    Queremos plantar no outono
    Para ter na primavera
    Amor em vez de abandono
    Fartura em vez de miséria.

    Queremos paz, não a guerra
    Senhores Donos da Terra...
    Mas se ouvidos não prestais
    Às grandes vozes gerais
    Que ecoam de serra em serra
    Então vos daremos guerra
    Não há santo que nos valha:
    Não a foice contra a espada
    Não o fogo contra a pedra
    Não o fuzil contra a enxada:
    - Granada contra granada!
    - Metralha contra metralha

    E a nossa guerra é sagrada
    A nossa guerra não falha!

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O Projeto "Eu Sou + 7 x7" é um curso de formação de lideranças jovens, historicamente voltado para dar suporte ao trabalho da Pastoral da Juventude. Este curso é oferecido pelo IPJ às coordenadoras/es e animadores/as do trabalho pastoral e social. O número é 50 (cinquenta jovens lideranças) e o tempo é 7 (sete encontros bimestrais) num ciclo de um ano que abordam temas ligados à Formação Integral. Este projeto teve início na PJ da diocese de São Miguel Paulista no ano de 1997 onde aconteceram suas três primeiras edições (Jubileu, Pentecostes e Kairós). Em 2007 o IPJ retomou tal proposta de formação, reformulou a estrutura do projeto, ampliou sua região de abrangência e firmou parceria com a DKA da Áustria. O IPJ já realizou duas edições do projeto (Ruah e Êxodos)e, atualmente, desenvolve mais uma com o Grupo Pachamama. Esta sexta edição do Projeto "Eu Sou+7x7" não envolve apenas jovens da Pastoral da Juventude, mas também de movimento cultural, ecológico e de diferentes denominações religiosas.