domingo, 3 de junho de 2012

PACHAMAMA 5º Encontro

Sistematização do trabalho em grupo desenvolvido pelo assessor Carlos Strabeli no 5º Encontro Pachamama "Terra".

Em anexo estão os 5 textos trabalhados, assim como os comentários e reflexões dos grupos:. 




2 comentários:

  1. Galera!
    Como vocês sabem, eu e a Elaine não estivemos presentes no 5º Encontro do Pachamama. Mas nós fomos ao Acampamento Ir. Alberta, por conta de um trabalho na faculdade.
    Então, assim como a sistematização é uma forma da partilha do que vocês vivenciaram e refletiram lá, partilhamos abaixo um pouco da nossa experiência no Acampamento.

    • Registro desenvolvido no acampamento Ir. Alberta, do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no dia quinze de abril de 2012 no período das 09h00 às 15h30.

    Saimos à caminho do acampamento Irmã Alberta, dia 15 de abril, às 08h30. Para chegar lá precisamos passar por um pedágio, no quilometro 29 da Anhaguera, que nos custou R$ 7,00.Seguimos então uma placa, que nos levou por um caminho de terra. Não achamos a entrada por duas vezes até que entramos no local indicado, uma subida bem estreita de terra molhada. Chegando lá em cima, avistamos um cômodo de madeira e um espaço onde haviam algumas pessoas sentadas. Descemos do carro e perguntamos se ali iria acontecer a assembléia, ao que recebemos uma resposta afirmativa. Nos apresentamos e sentamos, pois todos estavam esperando chegar mais gente. No local havia três bancos compridos de madeira e algumas cadeiras bem velhas. Uma senhora anotava em seu caderno os nomes daqueles que iriam querer comprar adubo, a maioria queria o pedido apenas para o próximo mês, pois diziam estavam sem dinheiro. Mais pessoas foram chegando, percebemos que muitas eram idosas, as mulheres em sua maioria usavam chinelos, os homens botas, ao chegar davam bom dia para os demais e iam se sentando.

    Após um tempo o rapaz que iria conduzir chamou a todos para a assembléia e pediu que subíssemos para um local que nós não havíamos percebido ainda, outro cômodo, feito com madeiras que estavam muito gastas, e dentro tinha algumas cadeiras formando um circulo e uma lousa com alguns dizeres, não havia portas nem janelas, mas apenas ausência de madeiras, e o chão deste lugar, assim como dos demais, era de terra. As pessoas foram entrando e se sentando e algumas ficaram em pé do lado de fora. Elas pareciam cansadas e preocupadas. Estando reunidos, uma senhora puxou o inicio da assembléia, todos se levantaram e começaram e entoar um canto, o qual todos sabiam a letra e faziam um gesto, erguendo o braço esquerdo em alguns momentos, fizemoa isso para acompanhá-los. Então se sentaram. O rapaz deu inicio a assembléia informou a pauta daquele dia e iniciou uma fala sobre ela. Ao encerrar abriu o espaço para aqueles que quisessem trazer suas contribuições. Ao final, houve a leitura de um texto e após este, os presentes entoaram uma mesma frase, como se fosse um grito de guerra, e novamente pareciam se unir naquela canção, naquele instante.
    Fomos convidadas para ir para um mutirão que iria acontecer em uma casa, e para o almoço. Aceitamos os dois convites, quando também nos chamaram para ir pegar abacate no pé. Juntamo-nos ao ultimo grupo primeiro, fizemos um caminho de terra, entramos no mato, e avistamos um alto abacateiro e alguns limoeiros. De repente, com muita facilidade um dos meninos que vinham conosco subiu no pé, lá no alto, e com uma vara começou a derrubar os abacates, que caíam no chão, e nós ali embaixo recolhíamos e colocávamos em uma sacola. Ao final o rapaz nos ofereceu um, e aceitamos. Seguimos de carro para o mutirão, nos deparamos com um caminho de terra com muito mato em volta, e então percebemos uma casa um pouco a frente e logo mais dois carros estacionados. Ali era a construção, havia o inicio de uma casa com um formato diferente, não era quadrada, não tinha telhado ainda, apenas paredes, que pareciam feitas de grandes sacos de areia, e havia algumas pessoas por ali. Descemos e fomos a pé em direção da construção, onde estava organizado o mutirão.

    Havia poucas pessoas, umas no telhado, outras com enxada, carpindo a terra, e avistei também um fio que imaginamos levasse eletricidade para eles.

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  2. Nos apresentaram então o espaço, soube que os sacos não eram de areia, mas de terra, da terra daquele mesmo local e um outro rapaz nos explicou que a intenção deste formato de moradia, é que se possa adequar a construção em algo que considere a natureza, utilize de suas forças e não contribua para o fim desta.

    Neste momento uma vizinha trouxe uma garrafa de água, dois copos de alumínio e uma bacia com bananas. Ficamos um tempo conversando com ela, que nos contou que hoje vive num barraco de madeira, mas passou sete anos morando em lona e agora já não tem esperança de que as coisas melhorem para eles, que já estão velhos e cansados.

    Decidimos ir ajudar no mutirão, emprestamos a enxada da vizinha e fomos até eles. O rapaz nos mostrou um lugar, ao redor da casa por onde poderia iniciar o trabalho. Comecei a carpir o mato, precisava de força e persistência, o Sol estava bem forte, parecia difícil acertar a raiz das plantas. As pessoas dali vinham e nos ajudavam, explicando como usar da enxada, como bater na terra, como soltar a raiz e por fim conseguimos limpar o lugar onde havíamos começado. Percebemos que aquela tarefa não era nada fácil e lembramos dos idosos da assembleia que, como eles disseram, precisavam sempre trabalhar a terra para produzir seu alimento e construir sua moradia..

    Resolvemos caminhar um pouco pelo local, começamos a andar e avistamos a casa de outras pessoas, notamos que elas não eram feitas do mesmo material utilizado do rapaz do mutirão, uma era apenas de madeira, a outra de tijolos de cimento. Tinham cachorros no caminho e em alguns momentos uma ou outra plantação por perto das casas. Estas casas, soube na assembleia, ficavam em terrenos concedidos a cada família, que deveriam cultivar para ter plantações, e conseguirem produzir, não apenas individualmente, mas sobretudo coletivamente, para todo o acampamento, de forma que esta produção contribua com a luta pela reforma agrária daquele local. Os alimentos produzidos vão de encontro com outro objetivo do grupo que é produção de alimentos sem agrotóxicos.

    Então começamos a fazer o caminho de volta, pudemos ver que todos àqueles do mutirão estavam em cima da construção: faziam gestos e estavam conversando, se equilibravam e transportavam pedaços de madeiras, parecia que tentavam adequar a melhor forma para o telhado. Sentamos um pouco na estrada de terra para descansar. Levantamos e percebemos que eles não estavam mais sobre a casa, então os avistamos voltando para a estrada, era hora do almoço. Entramos no carro novamente e fizemos um novo caminho, agora mais estreito, mas ainda cheio de mato em volta. Paramos em frente uma casa. Nela, havia a cozinha do lado esquerdo, um sofá velho no corredor e outro sofá em uma sala. O grupo se acomodou, enquanto esperava o almoço ficar pronto. Um dos rapazes do grupo foi ajudar a preparar, a senhora arrumou uma pequena mesa para a gente pegar os pratos e talheres, dispôs também uma vasilha com salada e um prato com pimentas. A comida ficou pronta e nos servimos. Estava realmente gostosa. Olhei para o quintal, havia galinhas, cachorro e mesmo um peru!

    Terminamos nosso dia com eles naquele momento. Ao sair havia algumas coisas que estávamos levando, e que não estavam presentes quando chegamos: a marca da enxada nas mãos, a marca do Sol no corpo, a marca da terra nos pés e um fruto da terra na bolsa, recordando o único trecho do canto que eles entoaram na assembléia: “e plantemos nesta terra como irmãos”.

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O Projeto "Eu Sou + 7 x7" é um curso de formação de lideranças jovens, historicamente voltado para dar suporte ao trabalho da Pastoral da Juventude. Este curso é oferecido pelo IPJ às coordenadoras/es e animadores/as do trabalho pastoral e social. O número é 50 (cinquenta jovens lideranças) e o tempo é 7 (sete encontros bimestrais) num ciclo de um ano que abordam temas ligados à Formação Integral. Este projeto teve início na PJ da diocese de São Miguel Paulista no ano de 1997 onde aconteceram suas três primeiras edições (Jubileu, Pentecostes e Kairós). Em 2007 o IPJ retomou tal proposta de formação, reformulou a estrutura do projeto, ampliou sua região de abrangência e firmou parceria com a DKA da Áustria. O IPJ já realizou duas edições do projeto (Ruah e Êxodos)e, atualmente, desenvolve mais uma com o Grupo Pachamama. Esta sexta edição do Projeto "Eu Sou+7x7" não envolve apenas jovens da Pastoral da Juventude, mas também de movimento cultural, ecológico e de diferentes denominações religiosas.