quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sete encontros com a Pachamama.

 


Sete encontros com a Pachamama, à celebrar a vida. E porque celebramos a vida, celebramos a luta.

Mais que sete encontros.

Então, descobrimos, em meio às expectativas, às mais variadas ideias, que somos +7x7.

Pachamama nos faz encontrar-nos conosco, com o caminho que trilhamos até aqui, com as partes fragmentadas do que somos, que compõem o todo que expomos.  Mas não é fácil, identificar-se, encontrar-se, estar com seu eu, saber quem se é, e o que se quer. Mas é nossa identidade, mesmo que seja estranho, com a Pachamama nossas percepções sobre nós são aguçadas, e cada parte de nosso corpo passa a dizer algo sobre nós. Estamos inebriados de sensações e sentimentos que nos revelam, e ao nos deparar com nossa historia, com nossa vida, percebemos que afinal, somos mesmo, maiores do que pensamos. E conosco, um mundo novo a se construir.

E agora, algumas coisas urgem em nós, não basta somente ser, nós sentimos. Tudo nos revela, somos sedentos e saudosos de sentidos, e a Pachamama nos faz querer sentir, sentir todo o calor, todo o frescor, toda brisa e toda a terra que nos dá vida. Queremos mais que entender, queremos comungar do mistério do feminino e do sagrado, da Deusa, da Mãe Terra, que nos inspira, nos transborda, que dá força, força que nunca seca, e que nos ajuda a caminhar pela busca de nossos sonhos, sem nos deixar cair, porque pra vida que é tão pouca, nós estamos aqui, para a mudança, para gerar novas vidas, que queremos agora em abundancia.

E para o novo mundo, novas vidas! E a Pachamama nos mostra nova e reafirma nossa fé. Cremos no Jesus libertador, naquele que fez a opção pelos pobres, pelos oprimid@s. Que doou sua vida ao amor, aos pequen@s e excluíd@s, que lutou pela vida em abundancia dos louc@s e marginalizad@s. Que morreu pela vida que traçou, sempre pela opção da vida, e da libertação. Jesus salta aos nossos olhos e nos faz entender que fé e compromisso social se unem em ação. Compreendemos uma vida política e somos desejosos de continuar sua caminhada. Mas, sabemos, ele morreu, e morreu com a pior morte, a morte de cruz. E com Ele, muitos outros morreram em luta, morreram porque acreditaram e se colocaram na busca por um novo mundo. E isso meche conosco, mas, não queremos viver levando a vida com indiferença. E não é somente nossa vida, é a vida daquele com quem assumimos uma escolha de vida. Pela nossas próprias mãos, queremos buscar e construir, continuar a caminhada de Jesus, e com eles tod@s, pois somos classe, somos povo.

E a Pachamama não se cansa, e nos alerta, temos que pensar o que queremos, temos que saber o que fazemos, não basta somente fazer, temos que nos preparar, precisamos de nossa caixa de ferramentas, das tantas coisas que fortificam e nos habilitam a lutar.  E precisamos disso juntos, pra jangada sair pro mar, pra trabalharmos, pra peixes bons trazermos. E porque trabalhamos com e por amor a uma opção de vida, sabemos que todo amor é sagrado, e o fruto do trabalho, é mais que sagrado, e assim mais queremos trabalhar, e mais queremos lutar. E pra luta, nos apetece o cuidado do preparo, e juntos, somos capazes de inovar, e efetivar nossos sonhos. Somos chamados a respeitar e cuidar da comunidade de vida, a olharmos atentamente para a integridade ecológica, a trabalharmos incansavelmente pela justiça social e econômica, pelo socialismo, pela não-violencia, pela paz. É a Mãe Terra que nos exige nossa força, e nossa luta. E nós, com ela, exigimos a vida.

E a Nossa Grande Mãe Terra chora, chora desesperada com fome, chora desesperada precisando de cuidado. Sabemos que não se pode vender ou comprar o calor da terra, pois nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água, mas sabemos também que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Mas nós que sentimos a terra pulsar em nossos pés e em nossas vidas, iremos cultivar esta vida, iremos cuidar dela. Nós que somos capazes de garantir o futuro da vida, nesta terra vamos trabalhar.

Nós acreditamos que o improvável é possível. E porque acreditamos, agimos. E o improvável, somente o é pela dureza do sistema que nos impõe um modo de vida desigual, de injustiças, de individualismo, de concorrências, e disputas sempre pessoais. O sistema não cultiva a vida, cultiva a morte, a morte de todos aqueles com quem selamos uma aliança, um compromisso de vida e de luta. E então, contra o sistema nos colocamos. Queremos, e reafirmamos o novo, o mundo novo. E, vislumbramos, em meio a tantas incoerências e contradições, nossas utopias. A utopia que nos faz caminhar, que conduz os nossos passos. E com as utopias vamos viver, vamos anunciar a palavra, pois a hora é agora e o lugar é aqui.

Quando pensamos na Pachamama, um sorriso brota em nossos lábios. Passamos agora a perceber o que significa tudo isso. Porque um dia, uma bola entre tantas outras, tinha algo para gerar. Uma bola que tem vida! E tem uma vida que cria o suporte necessário para gerar outra vida. Uma vida que vai se autofazer, que vai produzir vida no seu entorno, e vai conhecer este entorno e se comunicar com ele. Percebemos que a Pachamama é vida e que esta vida está dentro de nós e conosco é uma coisa só. Não mais nos pensamos separados da Pachamama, descobrimos agora que o ambiente é cada um de nós, e cada um de nós é o ambiente e que todo mundo é o ambiente de alguém. Juntos somos um fio da teia da vida! Esta vida que clama nossa luta. E a luta que queremos, é aquela mesma luta que Eva quis. Luta pela liberdade. E nesta luta, caminharemos de mãos dadas com o povo, e a dor de cada um será a dor de todos nós,  e despertaremos juntos para a grande luta e para a grande transformação.

A Pachamama é a luta. E na luta nos transborda uma maré de dúvidas e incertezas, de afirmações e anseios: que luta e aonde vamos lutar? Ao passo que já começamos a nos identificar com algumas bandeiras erguidas, nos surpreende a diversidade de possibilidades, somos motivados à inúmeras causas, todas dão as mãos na busca de um novo mundo. E então, a Pachamama também nos ajuda a refletir. Compreendemos que não apenas temos estrelas, mas somos estrelas neste mundo. E percebemos que descobriremos aonde brilhar mais forte, aonde nossa presença será mais necessária, aonde poderemos contribuir de forma mais efetiva. Sobretudo, percebemos que nossa participação é importante na luta, e que a luta, exige que lutemos e que ela não tem hora para acabar. E será nas diversidades, nos reconhecimentos de tantas necessidades que juntos uniremos forças, mão com mão teremos pés no chão, mãos na massa e olhar no horizonte, e assim iremos, com nossas mochilas nas costas, carregando o todo necessário para a jornada da vida.

E assim se faz mais uma etapa de nossas vidas. E durante todo este processo, estivemos diante de grandes lutadores, que nos abrem caminhos, que nos mostram tanto a beleza da luta, e assim, a beleza da vida. Pensamos em cada um que de diferentes maneiras nos proporcionam momentos de fé prática e de espiritualidade em ação. Quase que nos escapa perceber que são tantos a trilhar o caminho de luta. E que são tantos a dedicar este caminho à que novos caminhos surjam. A beleza da vida emana em cada um que nos acompanham. Beleza de suas histórias que carregam a história de tantos outros e que assim, caminham para uma nova história. E são muitas as histórias, que terão sempre o sonho da Pachamama, pois este sonho está dentro de nós.

Agora, vamos à luta, porque lutar é manter-se vivo.



Elaine e Adriana

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O Projeto "Eu Sou + 7 x7" é um curso de formação de lideranças jovens, historicamente voltado para dar suporte ao trabalho da Pastoral da Juventude. Este curso é oferecido pelo IPJ às coordenadoras/es e animadores/as do trabalho pastoral e social. O número é 50 (cinquenta jovens lideranças) e o tempo é 7 (sete encontros bimestrais) num ciclo de um ano que abordam temas ligados à Formação Integral. Este projeto teve início na PJ da diocese de São Miguel Paulista no ano de 1997 onde aconteceram suas três primeiras edições (Jubileu, Pentecostes e Kairós). Em 2007 o IPJ retomou tal proposta de formação, reformulou a estrutura do projeto, ampliou sua região de abrangência e firmou parceria com a DKA da Áustria. O IPJ já realizou duas edições do projeto (Ruah e Êxodos)e, atualmente, desenvolve mais uma com o Grupo Pachamama. Esta sexta edição do Projeto "Eu Sou+7x7" não envolve apenas jovens da Pastoral da Juventude, mas também de movimento cultural, ecológico e de diferentes denominações religiosas.